Costumo dizer que a sociedade brasileira vive um grande mal atualmente, o famoso ‘quanto cabe no bolso’. Enquanto as parcelas do financiamento do carro, adquiridos em 60 parcelas iguais, da compra de roupa, divididos em três vezes no cartão de crédito, estiverem dentro da programação mensal de gastos, o indivíduo vai continuar comprando em suaves parcelas. Ele só para quando essas suaves parcelas, de tudo o que foi comprado, compromete o pagamento das contas – e alguns, ainda assim, continuam comprando indiscriminadamente.
Comprar
à vista além de ser mais vantajoso significa não pagar juros mais altos
embutidos nas parcelas dos produtos ou serviços. Quando compramos a prazo não
percebemos que estamos adquirindo também os juros ruins. Pode parecer estranho
esse termo, mas juros ruins são aqueles que não geram nenhum tipo de renda para
nós e que estão presentes em dívidas.
Assim
como os juros ruins, existem também os juros bons, que recebemos (ao contrário
dos ruins, que pagamos) como resultados de nossas aplicações financeiras e que
nos geram receita.
Quando
compramos a prazo, se somarmos o total de juros embutidos nas parcelas, no
final da dívida poderíamos ter comprado dois produtos, ao invés de somente um.
Um
dos grandes vilões do orçamento e grande gerador de parcelas é o cartão de
crédito. Não estou afirmando que ele deve ser abolido das nossas inúmeras
formas de pagamento existentes. Mas a ilusão de compra a longo prazo esconde juros altos, que comprometem seriamente o orçamento.
Quando
surgir a vontade de comprar algo a prazo, é sempre bom lembrar algumas
perguntas. Primeiro, preciso realmente deste bem, segundo, tenho necessidade
deste produto neste momento, e a mais importante de todas as perguntas, qual é
minha capacidade de pagamento, ou seja, vou conseguir honrar o compromisso de
pagamento, sem comprometer minhas necessidades básicas.
Como
educador financeiro, gostaria de fazer uma proposta para estes compradores ‘de
parcelas e juros’: viver durante um ano à vista. Ou seja, não comprar nada a
prazo, somente à vista.
O
meu raciocínio para esta proposta é a seguinte: se a pessoa consegue fazer um
planejamento financeiro para se endividar, para saber quantas parcelas cabem no
seu orçamento, ele também consegue fazer o mesmo para não se endividar, para
saber o quanto ele pode gastar durante o mês sem fazer dívida.
E
se isso é possível, passa a ser viável também incluir nesse planejamento um
percentual mensal para investimentos, com objetivos definidos, como a formação
de uma poupança para o pagamento à vista de uma viagem, para pagar à vista um
curso ou até mesmo para a aposentadoria.
Está
lançado o desafio!
Mauro Calil
Palestrante,
educador financeiro, fundador da Academia do Dinheiro, e autor dos livros “Separe
uma verba para ser feliz” e “A receita do bolo”.
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