Alguma vez você já tentou alterar
a escala do seu termômetro para mascarar a febre?
Bem, foi mais ou menos isso que
ocorreu na ultima terça-feira dia 09/12 com a votação da manobra fiscal que
permite ao governo fechar as contas no ano. O que na prática ocorreu é que os ilustres
parlamentares aprovaram o descumprimento da meta de economia para o pagamento
de juros da dívida, mais conhecido tecnicamente como superávit primário, impedindo que a presidente responda por crime
de responsabilidade fiscal. É mais ou menos como se você tivesse estourado o
cheque especial e mesmo assim o gerente do seu banco lhe proporcionasse mais um
aumento no seu limite dobrando a sua capacidade de crédito mesmo sem ter
capacidade de honrar com o compromisso assumido. O fato é que mesmo alterando a
escala do termômetro ou o limite de seu empréstimo você ainda assim continua
febril e endividado correndo risco de ficar de cama por um bom tempo ou de se
manter no vermelho e angustiado por um prazo a perder de vista.
Primeiramente precisamos entender
o que é superávit ou déficit primário
que nada mais é que a entrada de nossas receitas menos o pagamento de nossas
despesas desconsiderando as dívidas, com isso, teríamos um superávit (sobra) ou
um déficit (falta) em nosso orçamento. No caso do governo seriam as
arrecadações realizadas menos as suas despesas principais como, por exemplo, gastos
com educação, ou seja, se houver sobra esse é o chamado superávit primário. Ele nada mais é do que o dinheiro que o governo
é capaz de economizar para o pagamento de juros da dívida pública.
Quando conseguimos ter um
superávit em nosso orçamento temos crédito “na praça” e podemos, se necessário,
tomar empréstimos, pois mostramos que possuímos equilíbrio em nossas contas e
no caso do governo quando isso ocorre mostra que tem capacidade de pagar o que
deve, que tem menor risco de crédito do que outros países e por essa razão
mostra para os investidores internacionais que é um porto seguro para seus recursos
financeiros.
Agora se você gasta mais do que
aquilo que recebe você possui um déficit no orçamento e se o governo gasta mais
do que arrecada isso será contabilizado nas contas públicas como um déficit primário. A conseqüência disso
é que se esse déficit em seu orçamento persistir ele pode afetar outros setores
de sua vida como o familiar, o físico e seu ambiente trabalho inclusive, pois,
é comprovado que pessoas que trabalham sobre pressão financeira tendem a
produzir menos do que aquelas que não possuem problemas financeiros. No caso do
governo contamina-se toda a economia, gera-se dúvida na capacidade de gestão dos
recursos arrecadados diminuindo a confiança de investidores internacionais, mas
também nacionais e conseqüentemente os investimentos necessários para o
desenvolvimento do país principalmente em setores importantes e críticos como o
de infra-estrutura. Em suma para aqueles que não se importam com temas que não
compreendem isso tem haver e muito com todos nós brasileiros, pois se os gastos
públicos continuam aumentando e os investimentos diminuindo as empresas tendem
a colocar o pé no freio, investindo menos do que investiriam em novas fábricas,
ampliação de seu parque industrial e em tecnologia reduzindo a oportunidade da
criação de novos
empregos podendo vir até a reduzi-los. Isso tudo porque na economia tudo está
interligado não somos uma ilha e por essa razão mesmo gostando ou não do
assunto, o dinheiro ou as questões financeiras sempre farão parte do nosso
dia-a-dia até o fim de nossa vida. Tanto isso é verdade que, por exemplo, existe
até um imposto de “morte” chamado ITCMD (Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação).
Uma
coisa importante de salientar para 2015 é que não será um ano fácil, com
inflação ainda em alta, aumento de preços em itens que estavam represados como
energia elétrica, transporte, combustível, além da desconfiança por parte das
indústrias e do mercado financeiro farão com que tenhamos que manter ainda mais
o equilíbrio emocional sendo mais racional em nossas decisões financeiras
evitando assumir novas dívidas. Prefira, diante disso, rever seu Orçamento Financeiro
Pessoal e Familiar e seu estilo e padrão de vida atual e para que assuma o controle de sua
vida financeira tentando manter-se superavitário em seu Orçamento Financeiro
Pessoal. Atente-se que esse é um bom momento para pensar em um Planejamento
Financeiro para o próximo
ano, pois muito além das festas e comemorações é também um período para
aproveitar com a família ou consigo mesmo para fazer uma boa reflexão e uma
relevante avaliação de como foi o ano e de como será o próximo e porque não os
próximos anos de sua vida.
Portanto essa é a hora de avaliar
atitudes e de rever conceitos. É a hora de pensar em mudar hábitos financeiros
e muito mais do que apenas ganhar dinheiro é o momento de refletir como melhor
administrá-lo.
É hora de Sonhar Grande, mas
também de colocar esses Projetos na ponta do lápis para que possa transformar
sonhos em realidade e que os números, as finanças e os juros compostos possam
trabalhar a seu favor.
É hora de acumular mais Ativos
geradores de renda do que Passivos geradores de menos fluxo mensal e de dívidas
preocupantes.
É hora de plantar e somente
depois colher. É hora de fazer mais depósitos do que realizar saques.
É hora de viver mais simples e
não de forma simplista. É hora de valorizar quem você é e sua capacidade de
transformar a realidade em detrimento a situação financeira atual.
É hora de rever os erros
cometidos e de aprender com os mesmos. É hora de dar um passo importante para
direção certa ao invés de sair correndo mais uma vez para o lado errado.
É hora de fazer mais com menos. É
hora de aproveitar o verão antes que o inverno venha planejando
entusiasticamente seu futuro financeiro com a cabeça nas nuvens, mas com os pés
no chão.
É hora de consertar o telhado
enquanto o sol está brilhando (John F. Kennedy – ex-presidente dos EUA).
E que o planejamento financeiro
não seja o seu escravo, mas sim o seu aliado na busca de uma vida financeira
mais equilibrada e de um futuro mais tranqüilo. Tudo isso porque o dinheiro foi
e sempre será feito para gastar, mas que seja realizado com sabedoria e
parcimônia até porque não adianta nada você ser o homem ou a mulher mais rico
(a) do cemitério.
Boas Festas e Um Feliz 2015 de
Muita Paz, Saúde e $uce$$o em sua vida financeira!
Rogério Nakata, CFP® - é Planejador Financeiro Certificado pelo IBCF - Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros, Embaixador CFP® para o Vale do Paraíba, Agente Autônomo de Investimentos pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e Palestrante sobre os temas Educação Financeira e Planejamento Financeiro de grandes organizações (www.economiacomportamental.com.br)