quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

A tranquilidade financeira e o consumo consciente - Por Mauro Calil



Os motivos que levam grande parte das pessoas a terem o desejo de enriquecer é a possibilidade de ter uma vida confortável e também garantir um futuro mais tranquilo. Entretanto, a maioria acaba tendo seus planos prejudicados por acabarem se deixando seduzir pelas armadilhas do consumo fácil ou, como costumo dizer, tolo.

E basta ligar a televisão, o computador e até mesmo o celular para termos à disposição os nossos sonhos de consumo; e para o nosso conforto, eles podem ser parcelados em várias vezes no cartão de crédito ou financiados. Além disso, somos sensibilizados pelos apelos publicitários de que se vestirmos a roupa x ou usarmos o celular y seremos infinitamente mais felizes.

Esse tipo de situação acaba nos proporcionando uma satisfação rápida, porém, o custo desse consumo costuma nos acompanhar por mais tempo do que realmente desejamos e também nos distancia de termos uma reserva financeira adequada.

Há diversos caminhos que podemos trilhar para alcançarmos um patamar de estabilidade financeira, mas, como em todo percurso, alguns obstáculos precisam ser superados. O primeiro é compreendermos que não podemos ser reféns do dinheiro e das dívidas e condicionarmos nossa felicidade e tranquilidade com a capacidade de consumo.

O segundo passo é sempre avaliarmos qual impacto o consumo desnecessário pode ocasionar em nossa vida. Claro que consumir faz parte do nosso cotidiano, mas isso não significa que compramos de forma saudável e é nesse ponto que caímos nas armadilhas do consumo.

Exercemos um comportamento em que somos dominados pelo dinheiro quando consumimos compulsivamente, e isso pode ser resultado de uma série de fatores, como um longo período sem emprego, momento em que somos obrigados a reduzir o consumo, ou se ascendemos de classe social ao longo da vida. E situações como essas acabam adiando a tranquilidade financeira.

A facilidade do crédito que dispomos atualmente é muito mais farta do que há 20 anos e isso atrai uma grande parcela da população que se sentia excluída do comércio e dos serviços. E isso impulsionou um maior número de pessoas dispostas a realizar seus desejos parcelados. Quem poderia imaginar comprar um carro em até 48 vezes, uma geladeira em 24 meses, pagar uma viagem e comprar um imóvel em prazos tão longos.
Essas oportunidades se estenderam para tudo o que nos cerca e caímos em um círculo vicioso de colocar nosso dinheiro em perigo. A tão desejada tranquilidade financeira não é apenas ter dinheiro aplicado. Ela é um novo modo de viver e usar o dinheiro a seu favor.
Existem diversas formas de alcançar a estabilidade financeira e cada uma tem um perfil adequado. Se espelhe nos exemplos de quem superou crises financeiras, independente de seu tamanho, e adapte as suas necessidades. Assim, além de estabilizar suas contas, você terá uma nova mentalidade relacionada a sua vida e ao que realmente lhe faz feliz.


Mauro Calil é palestrante, educador financeiro, autor dos livros “Separe uma verba para ser feliz” e “A receita do bolo".

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Cuidado em 2015 para não mascarar a febre alta - Por Rogério Nakata


Alguma vez você já tentou alterar a escala do seu termômetro para mascarar a febre?

Bem, foi mais ou menos isso que ocorreu na ultima terça-feira dia 09/12 com a votação da manobra fiscal que permite ao governo fechar as contas no ano. O que na prática ocorreu é que os ilustres parlamentares aprovaram o descumprimento da meta de economia para o pagamento de juros da dívida, mais conhecido tecnicamente como superávit primário, impedindo que a presidente responda por crime de responsabilidade fiscal. É mais ou menos como se você tivesse estourado o cheque especial e mesmo assim o gerente do seu banco lhe proporcionasse mais um aumento no seu limite dobrando a sua capacidade de crédito mesmo sem ter capacidade de honrar com o compromisso assumido. O fato é que mesmo alterando a escala do termômetro ou o limite de seu empréstimo você ainda assim continua febril e endividado correndo risco de ficar de cama por um bom tempo ou de se manter no vermelho e angustiado por um prazo a perder de vista.

Primeiramente precisamos entender o que é superávit ou déficit primário que nada mais é que a entrada de nossas receitas menos o pagamento de nossas despesas desconsiderando as dívidas, com isso, teríamos um superávit (sobra) ou um déficit (falta) em nosso orçamento. No caso do governo seriam as arrecadações realizadas menos as suas despesas principais como, por exemplo, gastos com educação, ou seja, se houver sobra esse é o chamado superávit primário. Ele nada mais é do que o dinheiro que o governo é capaz de economizar para o pagamento de juros da dívida pública.
Quando conseguimos ter um superávit em nosso orçamento temos crédito “na praça” e podemos, se necessário, tomar empréstimos, pois mostramos que possuímos equilíbrio em nossas contas e no caso do governo quando isso ocorre mostra que tem capacidade de pagar o que deve, que tem menor risco de crédito do que outros países e por essa razão mostra para os investidores internacionais que é um porto seguro para seus recursos financeiros.

Agora se você gasta mais do que aquilo que recebe você possui um déficit no orçamento e se o governo gasta mais do que arrecada isso será contabilizado nas contas públicas como um déficit primário. A conseqüência disso é que se esse déficit em seu orçamento persistir ele pode afetar outros setores de sua vida como o familiar, o físico e seu ambiente trabalho inclusive, pois, é comprovado que pessoas que trabalham sobre pressão financeira tendem a produzir menos do que aquelas que não possuem problemas financeiros. No caso do governo contamina-se toda a economia, gera-se dúvida na capacidade de gestão dos recursos arrecadados diminuindo a confiança de investidores internacionais, mas também nacionais e conseqüentemente os investimentos necessários para o desenvolvimento do país principalmente em setores importantes e críticos como o de infra-estrutura. Em suma para aqueles que não se importam com temas que não compreendem isso tem haver e muito com todos nós brasileiros, pois se os gastos públicos continuam aumentando e os investimentos diminuindo as empresas tendem a colocar o pé no freio, investindo menos do que investiriam em novas fábricas, ampliação de seu parque industrial e em tecnologia reduzindo a oportunidade da criação de novos empregos podendo vir até a reduzi-los. Isso tudo porque na economia tudo está interligado não somos uma ilha e por essa razão mesmo gostando ou não do assunto, o dinheiro ou as questões financeiras sempre farão parte do nosso dia-a-dia até o fim de nossa vida. Tanto isso é verdade que, por exemplo, existe até um imposto de “morte” chamado ITCMD (Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação).

Uma coisa importante de salientar para 2015 é que não será um ano fácil, com inflação ainda em alta, aumento de preços em itens que estavam represados como energia elétrica, transporte, combustível, além da desconfiança por parte das indústrias e do mercado financeiro farão com que tenhamos que manter ainda mais o equilíbrio emocional sendo mais racional em nossas decisões financeiras evitando assumir novas dívidas. Prefira, diante disso, rever seu Orçamento Financeiro Pessoal e Familiar e seu estilo e padrão de vida atual e para que assuma o controle de sua vida financeira tentando manter-se superavitário em seu Orçamento Financeiro Pessoal.  Atente-se que esse é um bom momento para pensar em um Planejamento Financeiro para o próximo ano, pois muito além das festas e comemorações é também um período para aproveitar com a família ou consigo mesmo para fazer uma boa reflexão e uma relevante avaliação de como foi o ano e de como será o próximo e porque não os próximos anos de sua vida.

Portanto essa é a hora de avaliar atitudes e de rever conceitos. É a hora de pensar em mudar hábitos financeiros e muito mais do que apenas ganhar dinheiro é o momento de refletir como melhor administrá-lo.

É hora de Sonhar Grande, mas também de colocar esses Projetos na ponta do lápis para que possa transformar sonhos em realidade e que os números, as finanças e os juros compostos possam trabalhar a seu favor.
É hora de acumular mais Ativos geradores de renda do que Passivos geradores de menos fluxo mensal e de dívidas preocupantes.
É hora de plantar e somente depois colher. É hora de fazer mais depósitos do que realizar saques.
É hora de viver mais simples e não de forma simplista. É hora de valorizar quem você é e sua capacidade de transformar a realidade em detrimento a situação financeira atual.
É hora de rever os erros cometidos e de aprender com os mesmos. É hora de dar um passo importante para direção certa ao invés de sair correndo mais uma vez para o lado errado.
É hora de fazer mais com menos. É hora de aproveitar o verão antes que o inverno venha planejando entusiasticamente seu futuro financeiro com a cabeça nas nuvens, mas com os pés no chão.
É hora de consertar o telhado enquanto o sol está brilhando (John F. Kennedy – ex-presidente dos EUA).

E que o planejamento financeiro não seja o seu escravo, mas sim o seu aliado na busca de uma vida financeira mais equilibrada e de um futuro mais tranqüilo. Tudo isso porque o dinheiro foi e sempre será feito para gastar, mas que seja realizado com sabedoria e parcimônia até porque não adianta nada você ser o homem ou a mulher mais rico (a) do cemitério.


Boas Festas e Um Feliz 2015 de Muita Paz, Saúde e $uce$$o em sua vida financeira!

Rogério Nakata, CFP® -  é Planejador Financeiro Certificado pelo IBCF - Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros, Embaixador CFP® para o Vale do Paraíba, Agente Autônomo de Investimentos pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e Palestrante sobre os temas Educação Financeira e Planejamento Financeiro de grandes organizações (www.economiacomportamental.com.br)

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Não confunda poupança, com caderneta de poupança - Por Mauro Calil


Com rendimentos pequenos e fixos de 6,17% ao ano mais TR, a caderneta de poupança é um o segundo pior investimento disponível no Brasil, só ganha do rendimento do FGTS com seus terríveis 3% ao ano mais TR.
Por este, e por outros posts, você já deve ter percebido que sou um grande propagador do mantra “saia da caderneta de poupança e invista melhor”.
Nem todos têm consciência de que a caderneta mal cobre a inflação, e mesmo tendo os investidores resistem em sair dela. Os motivos são sempre os mesmos, segurança e liquidez para o colchão financeiro.

Bem a segurança que todos avaliam é dada pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), uma instituição privada, e não pelo governo como a maior parte das pessoas acredita. O mesmo FGC garante, dentro das mesmas condições, o dinheiro depositado em sua conta corrente, suas aplicações em CDB, LCI, LCA e outras mais. Todas muito mais rentáveis que a caderneta.

A liquidez, ou capacidade de transformar seu depósito (ativo) em dinheiro, é imediata. Isso seduz muitas pessoas que usam suas contas poupança como conta corrente, perdendo, em muitos casos a “data de aniversário”, que nada mais é que o dia do mês onde os rendimentos são de fato entregues ao caderneteiro.
Isto posto, quero distinguir o poupador do caderneteiro, termo que acabo de inventar, se for copiar tenha a decência de citar meu nome.

Veja que todo caderneteiro é um poupador mas nem todo poupador é caderneteiro. O caderneteiro é muito limitado, enquanto que os poupadores espertos turbinam seus investimentos, têm um mínimo de administração e de seu caixa e, planejamento financeiro ao menos anual. Portanto raramente usarão a caderneta como instrumento de poupança.
Os poupadores turbinados fazem muito mais com o mesmo dinheiro, usando, inclusive fundos de investimento com rentabilidade já líquida de taxas de administração superiores a 100% do CDI, portanto, ganhando do rendimento da caderneta em qualquer situação, tendo a mesma segurança e liquidez também diária, sem precisar esperar datas de aniversário.


Portanto, quando na roda de amigos ou familiares, alguém te disser que é uma pessoa consciente que poupa todo mês, pergunte com cuidado: Na caderneta de poupança?

Mauro Calil é palestrante, educador financeiro, autor dos livros “Separe uma verba para ser feliz” e “A receita do bolo".