Recentemente, uma pesquisa
realizada pelo Data Popular revelou um dado interessante e muito curioso em
relação à mobilidade social. Cerca de 65% dos moradores das favelas brasileiras podem ser classificados como
classe média.
Outros resultados da
pesquisa também chamam atenção. Em 2002, aproximadamente 25% dos entrevistados
tinha máquina de lavar. Hoje, esse percentual chegou a 52%. A classe baixa
média, no mesmo período, foi de 37% para 65%. Mas será que isso reflete uma
verdadeira melhoria nos padrões para a qualidade de vida? Ou apenas aumentou o
número de pessoas com poder de consumo e do endividamento?
Esse grande contingente
considerado nova classe média contabilizou um consumo de R$ 56 bilhões, mas
ainda continua dependente da ajuda do Estado, sendo vítima da continuidade das
mesmas mazelas sociais há décadas. A pesquisa mostra que essa nova classe média
aumentou o consumo de bens duráveis, como máquina de lavar, microcomputador e
telefone móvel, mas ainda continua com dificuldade de acesso a serviços
básicos, como o de saneamento, por exemplo.
Ainda me questiono como
podemos nos inserir em uma nova classe, se não desfrutamos de condições
básicas, como por exemplo, registro oficial do nosso imóvel, rede de coleta de
esgoto e ainda continuamos dependentes do sistema público de saúde?
Isso nos leva a uma
avaliação de que nosso sistema econômico ainda tem um longo caminho a
percorrer, pois medimos nosso “status” pelo consumo e pelo imediatismo e nos
esquecemos de nos planejarmos e de reservar um fundo para eventuais emergências.
E como não há como saber quando teremos um imprevisto, nossa qualidade de vida
fica ameaçada.
Para que de fato esse padrão
seja alcançado, é muito importante termos, além do conhecimento dos direitos
que cada um possui, orientação para que nossa qualidade de vida seja permanente
e não suscetível em momentos de crise.
Como educador financeiro
costumo dizer que se não tivermos informações confiáveis, orientação adequada e
não tivermos um sonho bem definido, estaremos destinados ao insucesso.
Preferencialmente, a mudança
no padrão de vida deve ser algo que nos afete de forma positiva pelo resto de
nossa vida. Dessa forma coloco um questionamento para reflexão. Estamos
dispostos a transformar nosso futuro e deixar um legado que contribua para a
sociedade ou apenas nos basta um conforto passageiro?
Isso é uma questão de
escolha!
Mauro Calil é palestrante,
educador financeiro, fundador da Academia do Dinheiro, e autor dos livros
“Separe uma verba para ser feliz” e “A receita do bolo”.