A Grécia com seus 12 milhões de
habitantes já foi reconhecida um dos países mais prósperos e com um dos maiores
Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do mundo. Com uma cultura milenar
e com importantes pensadores como Aristóteles, Sócrates, Platão dentre outros,
possui uma natureza exuberante com mais de 1.400 ilhas e com uma das culinárias
mais ricas e saudáveis do planeta atualmente vive, infelizmente, uma verdadeira
tragédia grega provocada pela alta dívida pública. Um país que está em risco de
não fazer mais parte do maior bloco financeiro europeu conhecido como União Europeia
cuja moeda comum a esses 30 países é o Euro que está atualmente em comparação
ao real valorizado em mais de 3,5 vezes.
Para fazer parte da Zona do Euro os
países necessitam cumprir uma série de requisitos para participar desse
importante bloco econômico sendo que um deles é que os integrantes não devem
ultrapassar um déficit de 3% do PIB do país sendo que a Grécia possui um rombo
orçamentário de mais de 60% que, por si só, representa o limite estabelecido
para os países que compõem a comunidade.
Mas como um país com tanta cultura e
sabedoria pode chegar a decretar moratória a seus credores?
Isso nada mais foi que o resultado de
políticas econômicas equivocadas que resultaram num déficit de 320 bilhões de
euros (equivalente a mais de R$ 1 trilhão), ou seja, o país gastou bem mais do
que arrecadou e tomou mais dinheiro emprestado do que sua capacidade de honrar
com seus compromissos financeiros. Nessa conta estão os pesados empréstimos
realizados junto ao FMI que cresceram ao longo dos anos desde a crise de 2009,
além da baixa arrecadação de impostos, evasão fiscal, corrupção, altos gastos
com funcionalismo público, cujo os salários com essa classe praticamente
dobraram, somado os altos benefícios pagos aos aposentados precoces.
Enfim, será que estamos seguindo o
mesmo caminho? Poderemos um dia chegar a ser uma Grécia? Na minha opinião
precisamos muito mais do que controlar as contas públicas nesse instante é
controlar nossas próprias contas e finanças pessoais pois enquanto o governo
incentivava há 6 anos atrás o consumo desenfreado da população liberando o
crédito fácil e farto à milhares de famílias que se esbaldaram e se lambuzaram
durante todo esse período, muitas delas agora estão endividadas e
inadimplentes. Em nenhum momento foi ensinado à essas pessoas como os produtos
e serviços financeiros funcionavam e diante disso os números demonstram que o
índice de comprometimento de dívidas com bancos já ultrapassa mais de 45% segundo
dados do Banco Central. E isso pode ser apenas o começo pois, com o crescimento
do desemprego, diminuição da renda, alta da inflação e aumento das taxas de
juros esses números só tendem a expandir mês após mês.
Dentre os efeitos que a tragédia
grega pode trazer para o Brasil estão a diminuição dos investimentos dos
europeus nos países emergentes incluindo o nosso, queda nas exportações para a
Europa e o aumento do dólar pois, em situações de crise como esta onde há o
risco da Grécia deixar a Zona do Euro as portas se abrem para que outros países
do bloco sigam o mesmo caminho retornando às suas antigas moedas e colocando em
dúvida o futuro do Euro como moeda única, fortalecendo por sua vez moeda
americana.
Portanto, nesse momento de crise vale
uma reflexão que poderia até ser oriunda do pensamento de um grande filósofo
grego que diz que: "Inteligente é aquele que aprende com seus próprios
erros e sábio é aquele que aprende com os erros dos outros". A
questão que fica é: Será que estamos sendo sábios e aprendendo de fato com os
erros dos outros ou será que nos encontramos atualmente em uma zona de
conforto? Isso é apenas mais uma marola ou estamos prestes a presenciar um grande
tsunami? Será que em caso de crise financeira pessoal poderei contar com alguma
ajuda de algum órgão internacional como o FMI (Fundo Monetário Internacional)?
Então, podemos concluir que para ser
próspero nos dias de hoje devemos confiar mais em nossa capacidade de fazer a
diferença na nossa vida e de nossa família e menos nas instituições que deveriam,
mas, na sua grande maioria, não atendem prontamente as expectativas de seus
cidadãos como fazem com o recolhimento eficiente dos pesados impostos a nós
impostos.
Rogério Nakata é Planejador Financeiro
Certificado pelo IBCF - Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais
Financeiros, Embaixador CFP® para o Vale do Paraíba, Agente Autônomo de
Investimentos pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e Palestrante sobre os
temas Educação Financeira e Planejamento Financeiro de grandes organizações
(www.economiacomportamental.com.br)
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